Mário Ferreira dos Santos sobre a realidade do mundo exterior

O filósofo Mário Ferreira dos Santos em sua obra “Filosofias da Afirmação e da Negação” tem algo a dizer sobre o grupo de pessoas que acreditam, e defendem com unhas e dentes, que o mundo que habitamos e todos os seus entes não passam de coisas desprovidas de realidade, não passam de uma projeção imaginativa daquele que experimenta tudo – posição conhecida como solipsismo, mas que possui variantes menos dogmáticas em várias correntes de pensamento.

O livro é escrito retratando um exercício dialético entre os personagens, sendo Pitágoras a representação fiel do filósofo por excelência. Sendo assim, as visões do personagens são basicamente as visões do autor.  

No trecho a seguir, Mário comenta o absurdo do solipsismo e como ele vai contra nossa experiência mais básica:

“– Pitágoras, tudo quanto você disse até aqui não provou ainda que existe um mundo exterior ao homem – interveio Josias, num desafio.

– Se os meus argumentos não satisfizeram, depois de ter mostrado que há uma ordem completamente diferente entre o mundo da imaginação e o mundo da realidade exterior; depois que mostrei que há grande diferença entre um copo de d’água sonhado e um copo d’água real, que há diferença entre a dor sentida, a experiência vivida e a dor imaginada e a experiência imaginada; depois que se verificou que o sonho apenas nos dá convicções, sem certezas bem fundadas, enquanto o mundo da realidade as dá; depois que se verificou haver no mundo exterior uma ordem que liga os fatos uns aos outros, que nos explica o porquê das coisas que obedecem a ordens claras, que perscrutamos, achamos, e que podemos nele exercitar a nossa vontade dentro de uma ordem rigorosa; depois de tudo isso, se há ainda alguém que, tendo tudo isso à mão, aos olhos, aos sentidos e à inteligência, ainda duvida, ainda quer negar o mundo exterior, ao qual, contudo, se apega e atua consciente de sua realidade e não da realidade do mundo do sonho, que sabe que não é verdadeira, e que não trocaria ser forte, saudável, rico no mundo exterior por ser forte saudável e rico no mundo do sonho, e que nem julgaria a mesma coisa, depois de tudo isso, que posso mais dizer? Teria de reexaminar tudo, ponto por ponto, para finalmente mostrar que a posição que nega essa existência não tem a seu favor nenhum argumento sólido, que é refutada por todas absurdidades que daí decorrem, porque se vê forçada a tornar-se solipsista, e a afirmar que a única realidade é a da própria pessoa que pensa assim. Esta ainda se vê forçada a negar a realidade de suas mãos, de seus braços, de seu corpo, enquanto, na vida prática, não os nega, defende-os, luta por eles, e procede com a maior fé na sua realidade, a ponto de afirmar que a única realidade é ela só, porque se admitir que eu ou o Artur somos seres reais fora da sua mente, terá de admitir um mundo exterior, e ficando sozinha em si mesma, terá de admitir que tudo que se dá no mundo não é realização de si mesmo porque não é capaz de controla-lo e cria-lo ao seu sabor, mas, ao contrário, se vê constrangido a viver e a proceder sob o domínio de uma coisa que cria, mas não sabe como cria, e que não dirige, a qual, ao contrário, o dirige, o domina; que chega, enfim, a tais absurdos de, declarando-se ante a sua própria existência como um ser contingente, ter que afirmar que é o princípio de todas as coisas, sem ter razão de o ser, sem encontrar nenhuma razão sequer de ser; que causou a si mesmo, não existindo antes de existir, e passando a existir por si mesmo, numa mágica sem razão, sem justificação, mas que ao mesmo tempo que é o criador de todo esse mundo, é preciso apelar a um misterioso, que chama inconsciente e que o cria, negando já a si mesmo o poder criador mas a uma parte de si mesmo, que é outro que ele que atua, sem uma razão, sem um porquê, criando um mundo que não é verdadeiro, mas falso; e cujo mundo falso ele coloca em sua imaginação, e depois afirma que ele é o único verdadeiro, tendo já tirado desse mundo verdadeiro o inconsciente, que é outro, e que passa a ser mundo exterior ao mundo da sua imaginação, e mundo exterior ao mundo de seu eu, enfim que fica pulando de um absurdo para outro, sem apresentar nexo nenhum em nada do que diz e, finalmente, do alto da sua tolice (perdoem-me, mas para coisas feias palavras feias), do alto da sua tolice, nega a validez de outra concepção, que é cristalina, que é lógica, que é regular, que corresponde à regularidade dos fatos que se sucedem, e que explica melhor o mundo da imaginação e do sonho, fundado no mundo da realidade exterior; em suma: esse alguém não merece mais resposta. Que fique com sua opinião, mera opinião, sem qualquer base de certeza, senão uma convicção que é um apelo à loucura. Um debate aqui já se exclui do campo do bom senso, e penetra no campo das coisas banais e ilógicas, das conversas de alucinados e dementes.

Essa concepção é um rosário de tolices, de absurdos e de contradições. É só o que me cabe dizer. “

Amy Jacobsen sobre os pensamentos intrusivos

A Doutora Amy Jacobsen, comentando o texto “Choice” do Dr. Steven Phillipson – especializado no tratamento de exposição ao TOC – tem isso a dizer no que concerne aos pensamentos intrusivos e à ansiedade causada por eles:

“A mensagem se resume a isso – todos nós possuímos sistemas independentes dentro de nossas mentes e corpos que não são sujeitos à escolha ou ao controle direto; isto é, nós experimentamos uma cacofonia de sensações e pensamentos automáticos diariamente. Entretanto, só porque pensamos ou sentimos algo, não quer dizer que seja verdade, e nós temos uma escolha em como responderemos a essas experiências. Nós somos máquinas geradoras de pensamentos, e isso incluí, como Dr. Phillipson os chama, “sinais involuntários disruptivos à nossa consciência” que podem nos confundir e prender.

TOC (de uma maneira simples) envolve uma falha na amígdala, e dessa forma os alarmes falsos (ex: um barulho irrelevante) são sinalizados e experimentados como alarmes verdadeiros que representam perigo. Parece que há um perigo real e que precisamos responder da mandeira que o transtorno nos manda; No entanto, é tudo uma má interpretação do perigo. Como parte da Terapia Cognitivo-Comportamental, nós visamos externalizar os alarmes falsos […]. Vendo de uma maneira benigna, isso pode ser percebido como um cérebro ultra protetor tentando nos proteger enquanto é guiado por sinais incorretos.”

(Tradução nossa)

https://www.dramyjacobsen.com/blog/reflections-on-the-article-choice-by-dr-steven-phillipson

Respiradores – Tradução

O texto abaixo foi publicado por Michael J. McFadden em sua página no site Quora. É um dos capítulos finais de seu livro “TobakkoNacht — The Antismoking Endgame”. Em umas das postagens no site ele libera a tradução de seu texto, até mesmo incentivando a divulgação para outros idiomas.

Pelo nome do livro publicado, assim como pelo tom do texto, fica claro que o autor visava uma crítica a um tom totalitário e fanático que começou a surgir nas últimas décadas. Esse tom adquire um caráter de julgamento moral e é apoiado pelas autoridade médicas, estatais e políticas do mundo inteiro. No conto, Michael procura nos mostrar até onde essa neurose por “pureza” pode chegar e o quão ela é prejudicial para o tecido social.

Respiradores

Você está sentado sozinho, alegremente lendo um panfleto em uma cafeteria self service, quando de repente escuta um tinido. Você se volta para cima, horrorizado, enquanto eu caminho através da porta, olhando na sua direção, com um sorriso, exalando uma imensa nuvem cheia de resíduos químicos descartados.

A nuvem se expande quase que automaticamente para cada canto da sala e você consegue senti-la se acelerando por suas vias nasais e para dentro de sua garganta, para ser depositada bem nos fundos de seus pulmões enquanto é obrigado a respirar, simplesmente para se manter vivo.

Você olha na minha direção, atônito, enquanto eu vou para uma mesa perto da sua para, mais uma vez, expelir outra nuvem pútrida, compartilhando-a contigo. Tem um potente ventilador bem atrás de mim, mas ele precisaria de ventos no nível de um tornado para te manter a salvo da névoa mortífera que desemboca de minha boca e de meu nariz.

Eu te encaro, pensativo, no momento em que seus olhos se dilatam, e escuto seus pequenos surtos de tosse seca, olhando uma de suas mãos envolta em sua garganta no que a outra chacoalha no ar freneticamente, como se estivesse tentando ventilar meu hálito de volta à minha direção.

No instante em que corre pela porta eu vejo o panfleto que você estava lendo em sua mesa, sendo tomado pela compreensão. És um membro da ASBESTOS: Associação de respiradores solos intitulados apenas a si mesmos, fundada na segunda década do novo milênio. A enchente constante de comerciais da HoloVision mostrando a terrivelmente tóxica composição da exalação humana padrão teve seus frutos, preenchendo sua mente.

Acetona, usada na remoção de esmaltes; tolueno, uma composição altamente tóxica, depressora do sistema nervoso central; formaldeído, usado para preservar cadáveres;  benzeno, um carcinogênico potente; e até mesmo monóxido de di-hidrogênio (MODH)… um componente tão mortal que ceifa milhares de homens, mulheres e crianças todos os anos, ao redor do mundo, no momento em que acidentalmente inalam pequenas quantidades desse composto incolor , inodoro, mas inegavelmente letal.

Quando me volto para a janela e o vejo tropeçando em terror pela rua, observo uma pequena fumaça com o MODH de meu hálito e quase consigo me simpatizar. Certamente eu não posso argumentar contra a realidade dos elementos químicos que eu forcei contra ti, nem com a possibilidade de que eu possivelmente te infectei com algum patógeno letal, gerando uma infecção que encerrará sua vida em poucos dias cheios de pus. Nem poderia eu argumentar contra o fato de que, antes de haver assediado seu espaço e o preenchido com meus germes virulentos, toxinas metabólicas e carcinogênicos, o ar estava muito mais limpo, seguro e livre de sujeira e contágios.

Eu sorrio quando você vira a esquina, relembrando o slogan popular, cantado de uma maneira Pink Floidiana como um jingle pelo CCD (Coral de crianças deficientes) em sequências sucessivas durante os comerciais oferecidos pelo HoloShow toda manhã, tarde e noite:

“Não force sua respiração em mim, Pai

Não force seus resíduos respiratórios pela minha garganta

Não force sua respiração em mim, Mãe!

Sua respiração nojenta será parada quando conseguirmos nosso voto!”

Enquanto escuto o jingle, realmente fofinho, quase amável, com suas vozes inocentes no soprano em uma estrutura métrica divergente, dou de ombros no instante em que as últimas palavras ressoam nos ouvidos de minha memória. Os pulmões límpidos e branquinhos das crianças logo mais ultrapassarão esses nossos 40 pulmões de Respiradores, e casualmente eles irão votar para nos jogar debaixo do oceano – onde não mais o poluiremos.

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EXTRA: HoloNews às seis horas – boletim informativo: Nova pesquisa alarmante aponta que a organização política ASBESTOS pode estar passando por problemas. Parecia certo que o partido iria logo menos promover, com a maioria dos votos no Congresso, a redução da idade de voto para os doze anos, mas um novo estudo mostrou um falta de reprodução sexual surpreendente entre os membros da organização. A fundadora da ASBESTOS, H. Klintoon, não pôde ser contatada pela imprensa, pois ela, recusando qualquer telefonema, passou a acreditar que germes podem ser transmitidos por telefone.

Holo na íntegra às onze, fique ligado!

https://www.quora.com/q/threeminutestories/Breathers

Dezembro

Os grandes centros estão cheios, me sinto vazia
ao notar na face daqueles, uma falsa alegria
Muitas relações comerciais
Poucas relações humanas

Dezembro, mês do meu aniversário
Exagerada, boa sagitariana que sou
Já não exagero mais em tamanha euforia
Só enxergo com exagero minha dor

Observo com consternação, tradições milenares
perderem sentido em meio à tanta banalidade
nadando nas águas rasas da superficialidade

Na ceia nada falta, presentes, abraços
e desamor, e desesperados anseiam
Mas sem dar espaço para um salvador!

Cecília Micheleto

Corrida Brutal

Ninguém lhe disse, soube instintivamente que participava de uma corrida. A mensagem passada no inconsciente coletivo e que atraia os participantes: “sou insuficiente”. O prêmio oferecido: “ser amado”.

No início, competia com os irmãos. Corria dia e noite e como que por ironia, por ser filho do meio, sabia que o primeiro lugar era inalcançável, lugar ocupado pelo caçula, disputava com o irmão mais velho com unhas e dentes o segundo lugar.

Quando adolescente corria com os colegas, nessa época a corrida tornava-se cruel, queria estar entre os primeiros, mas seus atributos não permitiam para que alcançasse essa posição, estava entre os últimos e por consequência era humilhado pelos participantes que estavam em sua frente. E com esse mesmo ódio humilhava aqueles que estavam em posições inferiores.

Quando se apaixonou, corria ao lado de sua amada. Nessa fase sentia-se um pouco mais realizado, então não ligava muito para qual posição ocupava.

Mas, quando casou não permitia que sua esposa corresse em sua frente, participantes mulheres estarem em melhores posições que seus homens não era algo visto com bons olhos pelos outros participantes. E essas, por sua vez, por mais capacitadas que fossem para estarem na frente, seguravam o passo para não ultrapassarem.

Por volta dos 35 anos, assim como os outros participantes, sentia-se deformado, calvície aparente, barriga grande e dura, a essa altura ninguém mais se lembrava o porquê corria. Corriam apenas porque já estavam correndo há tanto tempo e era a única forma agora que encontravam para sobreviver.  Os participantes jogavam sujo para estarem em melhores posições, mentiras, hipocrisia e humilhação eram as artimanhas mais utilizadas.

Na empresa em que trabalhava, os participantes recebiam um incentivo enorme para competirem entre si, artimanhas eram permitidas, só não declaradas, com isso a empresa enriquecia, vendiam ilusões aos participantes, ilusões distantes, jamais alcançadas, e como pagamento recebiam somente suprimentos necessários para permanecerem no jogo, cansavam-se por correrem demais.

Alguns paravam para se perguntar por que, pra quem, e pra que correrem tanto. Esses eram os filósofos. Outros observavam tamanha brutalidade com a qual os participantes corriam. Esses eram os poetas. Outros simplesmente cansavam-se e desistiam do jogo, esses eram intitulados pelos participantes como vagabundos.

Quando envelheceu não conseguia mais correr, e os que como ele já não conseguiam, eram excluídos da sociedade com tamanha facilidade, e lamentavam esse fato.

Agora tenta inutilmente correr, mas a morte está chegando, não tem mais tempo e nem forças. E o pior, a morte trouxe com ela uma grande verdade, que correu a vida toda atrás de uma mentira.

Game over!

Cecília Micheleto

Ritual

Atravessou o saguão apressada, o elevador marcava oito e já que não poderia esperar, subiu o lance de escadas até o quarto andar. Seu filho, que brincava na sala, presenciou o semblante de horror da mulher ofegante que sem dizer nada entrou em seu quarto, bateu a porta e recostou-se sobre ela. Fechando os olhos, esperou que a respiração se normalizasse. Ainda abraçando aquele pacote começou a reviver o estranho fato:

Por volta das 15:00 horas, após pagar as contas da casa, aguardava na calçada para atravessar a Avenida Vereador Abel Ferreira.

Verde…… amarelo……

De repente foi puxada, não podia virar-se, seu braço era segurado de forma firme enquanto a voz masculina a guiava, pedindo que não gritasse e continuasse em frente.

Sempre em frente…

Obedecia, estava em pânico sem saber o que a esperava. Seria assaltada, estuprada, qual seria a arma?

 “Meu Deus”.

De sua testa escorria suor, as mão geladas, coração acelerado, respiração extenuante.

No local, recebeu ordens pra que entrasse. Era um prédio velho e sujo, onde funcionava um bar cheio de bêbados, com algumas risadas femininas pairando no ar e uns mendigos povoando a calçada. Subiu as escadas em direção ao segundo andar, um cheiro ruim, sentiu o estômago embrulhar.

Lembrou-se dela, enquanto atravessava aquele corredor desviando de um homem sujo que dormia, lembrou-se da vida idealizada que ela fazia, perfeita desde que se casou, mesmo que isso às vezes lhe custasse caro, lembrou-se de coisas que ela escondia dela mesma em seus porões e que às vezes, durante seus sonhos, tentavam subir até a superfície através de símbolos que ela ignorava.

E agora, vivia um de seus piores pesadelos.

Voltou de seu devaneio quando a porta foi aberta, um local arrumado, diferente do que tinha visto até então, um círculo desenhado de giz no assoalho e um altar. Sentiu a pressão causada por uma pancada na cabeça e apagou.

Olhou para o teto branco daquele quarto enquanto recobrava a consciência, piscou algumas vezes, até que o homem virou-se para ela e enfim pode vê-lo. Ele sorriu.

– Há quanto tempo estou aqui? – Perguntou um pouco amedrontada.

-Umas duas horas

Notou a cicatriz na face daquele homem, seus traços largos e um olhar penetrante, enquanto o homem lhe sorria de forma cínica.

-O que houve comigo?

Dessa vez o homem misterioso respondeu de forma séria:

-Você nunca mais será a mesma, agora está livre para poder ir.

-Não sem antes me dizer o que houve aqui – Falou com voz tremula enquanto se observava.

Tudo nela estava absolutamente normal: suas vestimentas; não estava machucada, fora a pressão pela pancada não sentia mais nenhuma dor. Levantou-se, apressada, olhou pela janela do quarto e notou que estava começando a escurecer, era noite de lua cheia, uma bela lua vermelha! Pelo horário ficou preocupada.

Caminhou até a sala, estava tudo arrumado. Um apartamento pequeno com uma bela mobília, tudo extremamente organizado: os livros na estante; a cozinha. Notou que o altar e o círculo haviam sumido. “Teria eu sonhado?” Perguntou-se um pouco confusa.

– O que aconteceu comigo, o que fez comigo? – Dessa vez de forma firme.

O homem com aparência fria veio caminhando em sua direção segurando um pacote. Entregou-lhe e passou as instruções:

-Você saberá o que houve, mas não aqui e não agora, as respostas estão aqui dentro, você só poderá abri-lo quando chegar em sua casa, sozinha em seu quarto, não próximo a ninguém, não na rua. Se abrir perto de alguém, você e as pessoas próximas correrão perigo.

Ficou assustada e gelou, estava confusa, apenas pegou o pacote muito curiosa e saiu.

O prédio agora estava lotado, já havia anoitecido, passou pelo bar cheio, ouviu alguns gracejos, sentiu medo de andar por aquelas ruas perigosas. A noite estava linda, bela e quente noite de primavera. Olhou o celular várias ligações perdidas de seu marido, quem acreditaria nela? Estava curiosa, não via a hora de chegar e descobrir o que acontecerá com ela, sua nuca doía. Sentiu medo ao andar por aquele bairro estranho, pessoas estranhas.

Chegou em um ponto de táxi, o taxista percebeu seu semblante e perguntou se estava tudo bem com ela, apenas acenou que sim com a cabeça.

-Pra aonde senhora?

-Bairro da Canastra, Olavo Bilac 65.

Sentiu-se tentada a abrir aquele pacote, o que teria? Sentiu um calor vindo dele, parecia que se mexia, será um bicho? “Meu Deus que nojo, um bicho, será, pensou”. O transito não colaborava, enfim chegou. Deu uma nota de cinquenta e nem quis pegar o troco.

Atravessou o saguão apressada….

– Mamãe, mamãe, tudo bem? – Seu filho batia na porta naquele instante.

-Calma, mamãe já vai!

Ficou de joelhos no meio do quarto, estava com medo, suas mãos começaram a abrir o pacote:

Um espelho e os dizeres “Vos can stillabunt me”

Mal terminou de pronunciar em voz alta e a imagem de uma bruxa saltou do espelho lhe entrando como um sopro pelas narinas.

Levantou-se, olhou para o espelho e sorriu para sua imagem, tão igual, mas tão diferente! Esboçou sorriso sensual, jogou os cabelos para o lado, alcançou um batom vermelho passou em seus lábios, abriu a porta e foi preparar o jantar para sua família.

Seria a bruxa alguma entidade do mal, ou seria apenas um traço escondido de sua personalidade que ele – aquele homem misterioso – havia capitado?
Bem, não sei dizer, nem a própria protagonista sabe. Mas uma coisa é certa, desde aquele dia ela nunca mais foi a mesma!

Cecília Micheleto

Aforismo – Lei do Retorno

Aqueles que veementemente clamam que o sofrimento que lhes foi imposto retornará sobre seus algozes no futuro, não estão nada mais que projetando sua sede de vingança no mundo. Fazem isso, entretanto, com a consciência limpa, pois no final será apenas o “Universo” retribuindo a maldade e a injustiça que foram cometidas.

R.V.

Escândalos sexuais e a hipocrisia da elite liberal

Recentemente tivemos uma quantidade grande de influenciadores sendo acusados de assédio sexual. Dois nomes me saltam à mente: Kevin Spacey e Louis C.K.

O segundo desses dois é um comediante, famoso por seu humor meio ácido. Se não me engano, em alguns de seus stand ups ele crítica firmemente a Igreja Católica por seus casos de assédio sexual e encobertamento de pedofilia. Crítica justíssima, diga-se de passagem.

Porém, qual não foi a surpresa quando um punhado de mulheres começaram a acusar Louis de assédio, mostrando que ele se aproveitava de sua reputação nos círculos sociais para obrigá-las a aceitarem suas “investidas”. Ele até publicou uma carta fazendo referência justamente a isso, ao modo como sua influência nesses círculos subiu sua cabeça, revelando como ele não sentia remorso na época, admitindo não via o que fazia como sendo algo errado.

Comediantes assediadores à parte, é chocante o modo como ele abertamente ridicularizava a Igreja Católica, não sabendo controlar nem seus próprios impulsos e caindo na mesma euforia concedida pela estima externa que muitos padres caem e usam para acobertar seus crimes.

Olhando toda essa cena, com casos tanto de atores e influenciadores famosos quanto casos dentro da Igreja sendo cada vez mais expostos, consigo imaginar de longe os psicanalistas gritando que a culpa pelos abusos, pelo menos dentro da Igreja, é a repressão imposta por uma moralidade arcaica que reprime os desejos sexuais dos pobres coitados dos padres, não restando opção para ninguém, a não ser a emancipação desses mesmos desejos através dos atos mais sórdidos, invisíveis perante a sociedade.

É curioso como um desses pseudo-freudianos é capaz de por a mão no fogo e dizer “Tá vendo, se eles não fossem tão reprimidos!”. Parece até algo que o velho Louis diria; enquanto, claro, abusa das mulheres próximas ao seu círculo, sem o menor peso na consciência ou qualquer questionamento quanto sua hipocrisia.

Louis era o primeiro a fazer uma série de atuações expondo os esquemas de abuso vindo de figuras de autoridade; agora, que essa mesma pessoa acobertava, abusava e intimava mulheres inocentes e sem poder para reagir, isso ninguém é capaz de sequer comentar. Parece até que o caso foi varrido para debaixo do tapete com, no máximo, a publicação de uma carta pedindo umas desculpas esfarrapadas.

Kevin Spacey foi outro que sumiu do mapa. Outro que, sem dúvida, fazia campanhas públicas contra o abuso, posava com uma imagem de homem correto, defensor dos direitos das mulheres. O famoso carismático, capaz de cativar audiências…. e acusado de assédio sexual por toda sua carreira.

Não me surpreenderia se no futuro uma figura como Stephen Fry também fosse acusado de assédio. Hollywood já é suja, quanto mais aqueles que tomam a linha de frente, posando como fontes da justiça no mundo, acusando, com a boca cheia, os outros de seus próprios pecados.

Freudianos não entendem sobre a sexualidade humana. A culpa dos assédios dentro da Igreja não está centrada no fato da suposta repressão sexual erroneamente emancipada em crianças. Senão, clínicas de análise funcionariam e seriam eficientes para acabar com o problema.

Qual, então, é a raiz da coisa toda? Não faço ideia, mas quando ateus liberais, católicos, muçulmanos, gurus new-age,etc. são todos acusados dos mesmos crimes, algo me diz que a raiz não está na “repressão” advinda por parte das Instituições. Talvez esteja na maldade, talvez esteja no descontrole, em complexos mal-resolvidos que vão além da sexualidade, em questões relacionadas ao poder, a uma simples picaretagem, etc. As possibilidades são altas, e no final, os homens são criaturas imperfeitas.

Se a culpa pelos assédios estivesse na continência sexual, pura e simplesmente dessa forma, nós veríamos o mesmo número de escândalos nas comunidades monásticas das outras religiões. Veríamos casos de assédios em grande escala na Igreja Ortodoxa, no Budismo Theravada, e assim por diante. Veríamos qualquer comunidade minimamente ascética padecendo desses males, enquanto pessoas que expressam sua sexualidade seriam as menos suspeitas de cometerem esses abusos.

A realidade, entretanto, é outra. Louis C.K., Kevin, e muitos outros estão aí para mostrar isso. Pessoas que, mesmo tendo uma vida sexual ativa, sentiram-se justificados em abusar e assediar os outros. Enquanto essas abordagens simplórias, derivadas tanto da psicanálise quanto da própria cultura ocidental em relação à sexualidade, forem prevalentes, o problema nunca será resolvido. Enquanto fecharem os olhos para os “bonzinhos”, que são sempre os menos suspeitos, inocentes continuarão sofrendo, sem terem suas vozes ouvidas.

Renan Vieira

A terrivelmente maravilhosa integridade do mundo – Tradução

O texto que se segue é uma tradução do artigo publicado no blog “Orthosphere” ( https://orthosphere.wordpress.com/2019/10/02/the-wonderful-horrible-integrity-of-the-world/ ). Importante ressaltar que numa tradução alguns elementos são perdidos, algumas expressões que o autor quis passar podem deixar de fazer sentido, assim como algumas palavras deixarem de se encaixar no corpo do texto, sendo o trabalho do tradutor encontrar a melhor forma de manter a integridade original. Entretanto, como não tenho o costume de traduzir textos, ensaios ou artigos acadêmicos, algumas passagens talvez sejam de difícil entendimento, devido apenas à minha falta de habilidade no momento da tradução. Também mantive alguns termos em latim, usados pelo próprio autor, em uma tentativa de mantar a fluidez original do texto.

Ressalvas à parte, digo que a tradução não faz jus à totalidade da mensagem passada. Ainda assim, espero que os ditos do autor ressoem no leitor através dessa tradução do mesmo modo que ressoaram em mim, quando li o artigo pela primeira vez. Fiz essa tradução porque achei que mais pessoas deveriam ler e se espantar com o raciocínio da mesma maneira com que me espantei. Enfim, ao texto!

Horror: … Do latim horror, “pavor, veneração, espanto religioso”…

O que é verdadeiro em alguma hora e lugar específicos é verdadeiro em todos os outros. A verdade é algo não-local, instantâneo, ubíquo.

Isso é óbvio se tratando das verdades eternas e a priori, como as verdades matemáticas, físicas, e assim em diante.

Mas também é dessa forma para as verdades a posteriori, assim como para as a priori.

Ora, pois, que eu tenha ido à Missa no Domingo de manhã é algo verdadeiro através de toda história do nosso cosmos, tal como uma característica dele próprio, de seu começo até seu final, assim que o fato aconteceu. A partir do momento que eu cheguei à Missa, todos os futuros do nosso cosmos que não continham a atualização daquela chegada fática – assim como todos os passados que levavam àqueles futuros – se fecharam instantaneamente, tornando-se impossíveis, pois são impossíveis de existirem com a atualidade da minha chegada à Missa naquela manhã. E isso foi dessa forma através de toda a história espacial e temporal extensa do nosso cosmos.

E, na verdade, através da história de todos os outros (cosmos).

Um fato que se dê em um universo é um fato de todos cosmoi, mesmo que, sendo outro cosmoi, ambos não tenham nenhuma interação. Isso, pois, um fato é um fato: um fato em qualquer cosmos é então, ipso facto, um fato reconhecido através e pela mente da Onisciência, não podendo ser sob nenhuma circunstância algo que não si mesmo, através de toda extensão infinita da Onisciência acima e abaixo e através de todos os mundos em todas as suas possíveis instâncias; o que equivale a dizer, através de toda extensão temporal e espacial possível.

O que a Onisciência sabe que ocorreu factualmente em qualquer lugar é estabelecido, em virtude deste mesmo conhecimento, como um fato verdadeiro em qualquer local espaço-temporal de todos os mundos possíveis. Ou seja, o que é um fato em qualquer lugar, é um fato em todo lugar.

Então, graças a Onisciência do Eterno, o fato de eu ter ido à Missa Dominical de manhã é um fato eterno. É um fato diante de, e consequentemente, para todos os mundos possíveis.

Adendo: É dessa forma que Jesus de Nazaré conseguiu andar no Eden com Adão, sentindo a leveza do dia. E é dessa forma que a sexta-feira da paixão e a páscoa são participadas em todas e por todas as Missas. Também é através dessa forma que a hóstia é transubstanciada; é o modo pelo qual Deus é Encarnado; é dessa forma que a Igreja é o Corpo de Deus; é assim que Sua voz clara e sútil soa dentro de ti como seu amor mais profundo e verdadeiro.

Essas são algumas conclusões bem precipitadas. Eu preencherei as lacunas de meu raciocínio, se alguém estiver interessado.

Adendo: A anamnese platônica é baseada nessa realidade: na realidade fática de cada evento em toda uma cosmogonia de eventos; uma realidade única para cada evento que, dentre todos os outros, é obtida e vivida em virtude da integridade conjunta da própria cosmogonia. Causação é relembrar.

Logo, de particular interesse é o fato de que um evento em Alpha Centauri (outro Sistema Solar), que ocorreu enquanto eu estava na Missa Dominical de manhã às onze horas, não poderia ter ocorrido de qualquer outra forma que resultasse em algum estado futuro divergente dos acontecimentos daquele Domingo de manhã.

A linha mundano-temporal que se estende a partir do evento hipotético em Alpha Centauri nesse mesmo domingo de manhã deve, eventualmente, se entrelaçar de uma maneira límpida, perfeita, inteligível, ordenada, compossível, em uma relação não proposital com a linha mundano-temporal que se estende ao futuro a partir da minha chegada à Igreja, naquela mesma manhã.

Em outras palavras, os eventos da Alpha Centauri no Domingo de manhã, às 11:01, devem, enquanto se desenrolam no Ser, reconhecer o fato da minha chegada um minuto antes na Missa na Igreja de São Dominique em São Francisco, para só assim eles eventualmente desembocarem no mesmo futuro integral, seja em dois ou mais anos a partir daquele momento, em que não haja nenhum conflito temporal entre o que quer que tenha acontecido dois anos no passado, tanto na Igreja de São Dominique quanto em Alpha Centauri.

Agora, isso implica que tudo o que tenha acontecido na Capela no Domingo de manhã deve ter reconhecido o que tinha acabado de acontecer em Alpha Centauri um nanosegundo antes, e vice-versa. De nenhuma outra forma as linhas mundano-temporais que se estendem destes dois loci teriam sido capazes de se encontrarem e concordarem uma com a outra em qualquer ponto futuro. De nenhuma outra forma essas linhas mundano-temporais seriam capazes até mesmo de se cruzarem. Logo, de nenhuma outra forma um mundo coerente poderia ser factual, a menos que a luz de cada locus encontre a outra, daqui a quatro anos.

Se as linhas mundano-temporais de ambos os eventos não concordarem uma com a outra, começando a partir daquela manhã, então em quatro anos elas especificarão dois cosmoi – universos, realidades cósmicas – totalmente diferentes. Em um deles, Alpha Centauri existiria, mas o Sol não; no outro, o Sol existiria, mas não Alpha Centauri.

A luz de um nunca encontraria a luz do outro. Essa falha se repetiria em relação a todas as luzes, quaisquer que sejam.

Nesse exato momento, nós vivemos em um mundo em que tanto o Sol quanto Alpha Centauri existem. Isso não seria possível, não tivessem seus loci sido informados quatro anos atrás sobre o que estava então acontecendo em cada um, para cada um. Somente se seus movimentos estivessem em perfeita concordância – naquele momento indefinido no passado – nós podemos encontra-los concordando um com o outro, no presente atual. Só assim, pois, presenciamos e contemplamos ambos os eventos, de qualquer forma possível.

Alpha Centauri e Sol devem, então, sempre reconhecer instantaneamente o estado passado imediato do outro para que só assim possam arranjar suas próprias atualidades de uma maneira tal que ambas as linhas mundano-temporais que levam ao futuro vinda dos dois loci diferentes possam, enfim, se encontrar, juntas, em qualquer lugar, ordenadamente, coordenadamente, coerentemente, inteligivelmente. Sempre levarão quatro anos para a luz de uma dessas estrelas encontrar a luz da outra. Mas, caso elas não estivessem já de antemão ordenadas pela mesma ordem transcendente, nenhuma das duas luzes poderia jamais encontrar a outra, de qualquer maneira que seja.

Nesse caso, elas não poderiam existir nem no mesmo cosmos.

Nesse caso, nós não poderíamos apreender Alpha Centauri – ou seja, não poderíamos comtemplar sequer sua existência. Nem Alpha Centauri poderia apreender-nos. Nesse caso, não haveria nem estrelas. Não que seriamos capazes de vê-las, de qualquer maneira.

Nós vemos estrelas, então sabemos que o momento presente foi ordenado – arranjado – milhões de anos atrás, ou melhor, antes mesmo do próprio tempo.

A contínua coerência do mundo, então – através de qualquer linha mundano-temporal que seja – depende crucialmente da presença não-local, instantânea, de informação. De *toda* informação, sobre o que quer que tenha acontecido nas outras linhas mundano-temporais.

Resumindo, não há nenhuma maneira de obter um mundo coerente a menos que todo instante do devir seja instantaneamente aprovado por todos os instantes anteriores, e mais ainda – essa é a pequena parte chocante, maravilhosa, quiçá horrorosa – que todos esses instantes estejam ordenados a um futuro coerente em que todas as linhas mundano-temporais continuamente e consistentemente se interceptam, resultando em uma unidade perfeitamente compossível de novo e de novo, repetidamente, através de toda uma cosmogonia.

Cada ato provindo da criação deve estar voltado, mais ou menos, imaculadamente a um futuro integralmente desconhecido, do contrário não haveria mundo.

Há um mundo, ergo, etc.

Saibamos, pois, que todos os instantes do tempo ocorrem primeiramente na eternidade.

Tal é a física da Providência.

Ora, reflita sobre isso. O movimento daquela folha naquela árvore distante que acabou de acontecer? Ele tinha de ter sabido e apropriadamente conhecido, antes do movimento ocorrer ou até mesmo da própria folha vir a ser, sobre o seu desapontamento anos atrás a respeito daquela garota, e sobre o que o seu professor fez que te deixou ultrajado, e sobre sua vitória no parquinho.

Se a folha não soubesse sobre você e a garota, o professor, e o parquinho, ela não poderia habitar o mesmo cosmos que você.

Então, nada é perdido ou esquecido. Isso não apenas para a Onisciência, mas para qualquer ocasião ordinária da Criação; é uma condição prévia para que a própria ocasião se dê no vir a ser. Tudo é e deve ser contemplado, completamente, por qualquer outra coisa nesse mundo. De nenhuma outra maneira qualquer mundo viria a ser, ou então, qualquer parte de qualquer mundo.

O mundo, então, através de toda sua extensão temporal, é uma integridade.

Note, pois, a consideração final. Aquela que eu consigo tirar disso tudo: o eschaton de cada mundo é integral com toda sua história. Se as coisas resultassem de uma maneira diferente de seus respectivos modos de ser até o momento, esse cosmos sequer poderia seguir seu caminho eventual até sua absoluta redenção, resgate e restauração. Que esse mundo é real, então, nos mostra que ele está ultimamente destinado para uma nova e eterna vida, no seu próprio e designado céu.

Logo, de ulterior importância para nós hoje: nada do nosso sofrimento presente é vão ou uma perda. Tudo que tivemos que passar, tudo que carregamos no momento, e que com certeza carregaremos no futuro, é de alguma forma, no final de tudo, algo crítico – de suma importância – ao resgate do cosmos.

Nada é estranho, nada é desamparado ou sem sentido, ou até mesmo estúpido. Então, concluindo o raciocínio de uma maneira direta e por um simples processo de eliminação: tudo o que acontece, que inelutavelmente devemos carregar e sofrer – e sim, nos regozijarmos – é de alguma forma … grande, nobre, bonito, ergo digno; e, claro, algo não necessário, mas ainda assim uma adição amável ao que deve ser absolutamente, sendo superlativo, supererrogatório, excedente, sublime: terrivelmente maravilhoso.

Creatura não é necessária. É um bem infinito justaposto e adicionado por, e para, o Bem Infinito em si mesmo.

Fique, portanto, confortado nisso. Deus sabe como tudo isso aqui termina, mesmo que você não saiba. De agora em diante, à luta; e que cada homem faça sua parte, em confidência, e em solidariedade mútua com todos os seus irmãos na Criação.

Ora, e essa pequena mudança na fase cultural pela qual estamos prestes a passar e a sofrer, conquanto a mortífera e moribunda ordem liberal advinda do Iluminismo se esvai, paralisada e confusa pelas suas próprias contradições, e em um paradoxo de violência e confusão é superada por algum tipo de “Nova Ordem”? Nada demais. Assim é a história, sempre.

Rumo, então, à morte.

Todas as coisas morrem, no fim das contas. De nenhuma outra forma elas poderão encontrar suas particulares ressurreições.

Morte, então! Morte! Morte! Deus vult!

Texto escrito por Kristor

Tradução: Renan Vieira

As boas-vindas!

Bem vindo ao Travessia inconsciente!

” Um leitor vive mil vidas antes de morrer. O homem que nunca lê vive apenas uma.”

— Jojen Reed .

Dois amigos apaixonados por filosofia, artes, astrologia e assuntos polêmicos conversam e até discutem diariamente esses temas, decidem tornar publico e fazem um convite pra quem quer que seja, concordando ou não com os textos, possa também se inquietar conosco.

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Renan vieira
Cecília Micheleto

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